Eu sempre ouvi falar sobre turismo em cemitérios e nunca tive estranheza… Imagina você adentrar num espaço com objetivos diferentes da finalidade daquele lugar, que é de sepultar ou “visitar” alguém querido.
Você já parou pra pensar em quantas histórias guarda um cemitério? E não estou me referindo apenas às que os sepultados levaram consigo, mas a história da cidade, de uma época, de um povo, da arquitetura, da arte, da fé… e também as histórias de assombração que rondam esses lugares {e que confesso que são as que mais me cativam 👻🤭}.
Mas qual a razão de trazer esse tema pra vocês aqui??? 🧐
É que lembrei da primeira visita turística que fiz a um cemitério… Em dezembro de 2023, estava passeando no bairro da Recoleta, em Buenos Aires (Argentina) e uma das atrações turísticas apresentadas bem próximo de onde eu estava era uma visita ao Cemitério da Recoleta, onde está sepultada uma das figuras mais conhecidas da Argentina: Evita Peron.
Tínhamos, Brunno e eu, acabado de finalizar um Free Walking Tour, passando por lugares maravihosos do centro de Buenos Aires e chegando na Recoleta o guia falou: “quem tiver oportunidade e tempo, vale a pena fazer a visita guiada ao cemitério que está logo ali na frente”. Brunno não gostou muito da ideia, mas foi convencido a topar a visita {dei meu jeito! 😅}.
A visita foi guiada por uma senhora que nos falou sobre a história do cemitério, os túmulos mais famosos, os mais visitados, as personalidades que ali estavam sepultadas, os materiais utilizados para construir os mausoléus, como a arte da época influenciava essas construções, bem como a construção daqueles sepulcros também mostravam o poder e influência daquelas famílias.
Todas essas histórias podem ser um bom prato para uma pesquisa de trabalho acadêmico, sem sombra de dúvidas! Mas o que mais me chamou atenção mesmoooo foram as histórias de fofocas e assombrações. #MeJulguem #NemLigo #Amo 🤣🤣🤭
A fofoca que mais me marcou foi sobre um casal arengado da época, da Familia Del Carril, que viveram ali no final dos anos 1700 e início de 1800: o Salvador María Del Carril – que era um jurista e político até bem conhecido naqueles anos {#babado foi inclusive acusado de ter instigado o assassina$o do governador da província de Buenos Aires na época} e sua esposa Tiburcia Dominguez. Minha genteeee… eles arengaram porque Tiburcia supostamente gastava demais o dinheiro dele e ele ficava puto, tanto que passaram mais de 30 anos sem se falar. Mas depois que ele morreu, quem foi que tomou conta do dinheiro dele? TIBURCIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA #ojogovirouboy 😎🤭🤣
Ele tinha pedido pra fazer um busto dele no mausoléu, mas Tiburcia foi lá e mandou construir um mausoléu babadeiro de caro pra ele e ainda mandou fazer uma estátua dele de corpo inteiro sentado num trono, mostrando a figura autoritária {e pirangueira!} que ele era. E a bicha não terminou por aí não, viu?! Depois da morte dele viveu mais uns 15 anos e antes de morrer fez um último pedido: queria ser sepultada no mausoléu da família e que fizessem um busto dela de costas pra estátua dele. Eternizando o ranço e a arenga! #diva 🤣🤣🤣
A outra história que também me chamou atenção foi a da jovem Rufina Cambaceres que “morreu duas vezes”, por volta do início de 1900. Rufina era filha do escritor Eugenio Cambaceres e da bailarina italiana Luisa Baccichi – que naquela época sofria muito preconceito da alta sociedade por ser artista. O pai de Rufina faleceu quando ela tinha uns 6 anos, e, conta a história, que ela estava se arrumando pra ir em sua própria festa de 19 anos, onde sua mãe a apresentaria para a sociedade {as cafonices da época!}. Na época, ela estava enamorada de um boy mais velho {alguns dizem que o cara era noivo dela!} e, antes dela sair pra festa, uma amiga dela a encontrou no quarto pra contar um babado fortíssimo: a mãe dela tava pegando o boy que ela tava enamorada. Pronto. Acabou com a vida da garotaaaaa! 😓
A amiga dela se foi e, logo em seguida, Rufina passou mal. A mãe dela a encontrou desacordada em seu quarto e imediatamente chamou médicos para acudir, mas os 3 médicos que a atenderam não encontraram sinais vitais na moça, atestando sua morte. Ela foi sepultada no Cemitério da Recoleta e conta a história que na mesma noite (outros contam que foram dias depois), funcionários do cemitério encontraram o caixão dela quebrado, quando abriram, o corpo dela estava de bruços com rosto, pescoço e tórax arranhados. Acredita-se, portanto, que ela sofreu de catalepsia – uma condição de falsa morte – e foi enterrada viva. Mas quando acordou, viu-se presa no caixão e aí sim sofreu uma parada cardíaca e veio a falecer, de fato.
A mãe de Rufina mandou, então, construir uma estátua dela com uma lágrima no rosto e uma das mãos na porta da entrada do jazigo, deixando dúvida se ela está a entrar ou sair. Segundo a guia que acompanhei na visita guiada ao cemitério, Rufina já foi vista várias vezes andando pelos corredores do cemitério… ela é conhecida como: dama del blanco. #amoessashistórias! 👻🤪
E vocês devem estar achando que estou maluca em trazer essas histórias pra um blog que fala de escrita acadêmica, mas vou te dar um exemplo que não estou. Se você gosta desses temas, se acha interessante visitar cemitérios, o tema do seu trabalho acadêmico, até artigo científico!, pode envolver histórias como a de Rufina, por exemplo. Olha só o artigo que foi publicado envolvendo a história de Rufina:
La dama fantasma y el monstruo del lago: Narración, ciencia y creencias en actuaciones discursivas
É abrir a cabeça e deixar a criatividade associar alguma história com uma investigação científica. Se tiver dificuldade, me manda nos comentários! Quem sabe eu consigo te ajudar?